Cette critique peut contenir des spoilers
O quanto vale entrar pra história ?
Quando anunciaram a série e eu dei uma primeira olhada no plot fiquei muito curioso para ver como eles trabalhariam nela. Conforme o tempo foi passando e mais coisas foram saindo, minha ansiedade foi crescendo acompanhada de um pequeno receio. Eu acho que existe uma liberdade de expressão muito grande em livros que acabam sendo mais livres para pautar determinados assuntos que no audiovisual algumas vezes são evitados. Eu li a novel um pouco antes da série ser lançada e fiquei me questionando se eles teriam coragem de retratar as coisas da maneiras que estavam ali. Tive muitas esperanças quando os trailers/teasers começaram a sair e os atores juntamente com a produção começaram a falar sobre o funcionamento da série, parecia que as coisas estavam se encaminhando para dá tudo certo. Quando o protesto contra a série aconteceu e os trailers foram tirados de fora de ar fiquei muito preocupado com o que poderia acontecer. Eu estava acompanhado o autor do livro pelas redes sociais e torcendo para que as coisas dessem certo. spoiler alert: deu tudo certo :)
Por mais que eu tenha o entendimento de que uma adaptação não funciona como uma cópia da obra original é difícil não fazer o exercício da comparação, ainda mais quando se gosta bastante da original. Fazendo um apanhado geral da série, eu sinto que algumas coisas que foram deixadas de lado poderiam trazer um adicional bacana para série mas em contrapartida, as coisa novas que foram adicionadas e aquelas que sofreram algum tipo de alteração trouxeram um ritmo muito mais bacana pra série. Talvez esse sentimento de achar que algumas coisas foram deixadas de lado se deu pelo fato de que foram coisas marcantes pra mim mas que dado o contexto geral da obra não faria diferença se fosse tirado ou não.
Quero pontuar como o formato da série foi feito de uma maneira genial, dividirem os arcos a cada 2 episódios deixou a série muito fluida de se acompanhar, sem contar que o trabalho de iniciar e fechar um arco em exatos dois episódios foi muito bem realizado. Um outro ponto é quão linda a fotografia está. desde ambientes fechados a abertos tudo parece minuciosamente bem pensado. Fiquei fascinado nas cenas que eram gravadas em ambientes fechados, e os episódios que foram gravados na Tailândia foram deslumbrantes de se assistir. Os atores, cada um desempenhou o seu papel de maneira formidável, o destaque vai para o Yoonsu que me deixou sem palavras. Dá pra ver como cada investimento na série se pagou muito bem, o esforço e cuidado refletiram muito na boa qualidade que a série apresenta.
Sobre a história, acho que o primeiro a se falar pois é algo que perpetua ao longo dos oitos episódios é quão maduro a série está. É muito comum o ambiente universitário/colegial nos BL e apesar todos eles terem seus dramas (e são dramas reais) é muito bacana acompanhar algo que foge um pouco dessa atmosfera. O enredo que aqui reflete em coisas que são carregadas desde adolescência e coisas novas que são confrontadas acaba trazendo um peso muito mais simbólico para toda história.
Falando sobre a história em si tem duas palavras que me acompanharam pelos oitos episódios: linda e cruel. Acho que não teve um episódio em que se fechava algum arco que não me deixou reflexivo sobre algo. É muito palpável os sentimentos do Young durante a série, é inevitável não se identificar com algo em algum momento. Mesmo agora quando paro pra pensar sobre os acontecimentos me vem um sentimento de tristeza, as coisas podem ter acabado dando certo mas é de se perguntar a que custo? Acompanhar o Young e sua relação com o amor foi uma montanha russa de sentimentos. Me parece que ele não se sentia merecedor do amor, ou que a ideia de um amor fácil demais era absurda. Quando ele questiona nos primeiros episódios se um dia ele vai encontrar um amor verdadeiro e nos últimos episódios se tem o paralelo dele falando que teve uma vida amorosa horrível é algo que parte o coração. Eu não acho que ele tenha tido uma vida amorosa no total desastre, o que ele teve com o gyu ho foi genuíno (e ele definitivamente sabe disso) mas sinto que até o último minuto ele tenha se agarrado no medo. É um medo que eu sinto que se esgueirava em absolutamente em todos aspectos da vida dele com os relacionamentos, a kylie, a mãe, etc.
Os 4 relacionamentos principais foram excitante de se acompanhar, a maneira que eles se divergiam entre si com um único ponto comum que era o Young, trouxe uma noção de como relacionamentos podem dá errado por n motivos, acho que um outro ponto é acompanhar o modo como o Young vai amadurecendo ao longo desses relacionamentos. Me pegou um pouco como com cada um ele compartilhou momentos lindos, mas a viagem para Tailândia com o gyu ho vai ficar pra sempre grudada no meu cérebro. Um outro relacionamento muito bonito na série é com a Miae, dava para enxergar o companheirismo da amizade dos dois, era um amor muito refrescante sendo retratado (chorei na cena do casamento).
Em relação a kylie, existe algo de muito revolucionário em terem retratado um personagem com HIV, mas principalmente em terem quebrado barreiras ao retratar um personagem que vive sua vida normalmente. existe uma série de estigmas e preconceitos que são reproduzidos inclusive na comunidade lgbtq+, eles terem mostrado que o Young era uma pessoa que convivia com o HIV mas era muito mais além disso foi de extrema importância. Uma das partes que mais me marcaram na novel é assim que ele está planejando a viagem dele para China e quando não dá certo ele fala que a kylie permitiu ele ter muito mais do que ele imaginava, ver isso ganhar cores na tela foi muito triste, principalmente porque explicitava o fator do Young achar que coisas boas não era pra pessoas como ele.
O que mais me marcou na novel foi toda relação do Young com a mãe, e era o que eu estava mais curioso para ver como seria retratado. Existe uma clara relação de manipulação entre os dois, a mãe tenta de forma constante usar a carta do câncer para que o Young se submeta a suas vontades, eles fizeram de forma tão magistral que eu me sentia irritado a todo instante. Fiquei muito feliz que eles não deitaram pro cristianismo e evidenciaram quão opressor pode ser esse ambiente quando se é gay. Ver a cena do Young sendo levado a força para fazer um tratamento me derrubou muito mais que quando li o livro. Eu quero acreditar que no final, a mãe do Young entendeu que o importante era ele estar bem e feliz, acho de forma genuína que ela torcia para que ele pudesse aproveitar a vida, quando ele vai parar no hospital e os amigos vão o visitar, eu tive a impressão que ali ela entendeu que ele era amado e que isso bastava.
Concluindo, me sinto honrado de poder acompanhar uma obra como Love In The Big City ser lançada. Fico muito feliz como todo esforço dos atores (que fizeram um papel incrível) diretores e ao Sang Young que primeiro decidiu compartilhar essa história com a gente foi recompensado com uma obra linda que foi recebida de braços abertos por um grupo muito grande de pessoas. Eu falei em um tweet como que a obra veio para abrir barreiras que se em algum momento da história foram abertas acabaram se fechando e continuo com esse pensamento até o fim. É um pouco assustador como o conservadorismo ainda tem uma força muito grande e como essas forças opressoras operam da mesma maneira em qualquer lugar do mundo mas é reconfortante ver obras como essas sendo lançadas e sendo celebradas mundialmente. Existe contextos diferentes entre Brasil x Coreia mas acredito que essa obra ressoa na vivência de pessoas LGBTQ+ pelo globo todo. Espero que esse seja um início de uma nova era para indústria de boys love e que sirva de exemplo de resistência. Acho que a arte desempenha esse papel muito lindo de unir a pessoas em prol de algo maior e acredito que Love In The Big City já tenha virado uma referência para esse fator.
Por mais que eu tenha o entendimento de que uma adaptação não funciona como uma cópia da obra original é difícil não fazer o exercício da comparação, ainda mais quando se gosta bastante da original. Fazendo um apanhado geral da série, eu sinto que algumas coisas que foram deixadas de lado poderiam trazer um adicional bacana para série mas em contrapartida, as coisa novas que foram adicionadas e aquelas que sofreram algum tipo de alteração trouxeram um ritmo muito mais bacana pra série. Talvez esse sentimento de achar que algumas coisas foram deixadas de lado se deu pelo fato de que foram coisas marcantes pra mim mas que dado o contexto geral da obra não faria diferença se fosse tirado ou não.
Quero pontuar como o formato da série foi feito de uma maneira genial, dividirem os arcos a cada 2 episódios deixou a série muito fluida de se acompanhar, sem contar que o trabalho de iniciar e fechar um arco em exatos dois episódios foi muito bem realizado. Um outro ponto é quão linda a fotografia está. desde ambientes fechados a abertos tudo parece minuciosamente bem pensado. Fiquei fascinado nas cenas que eram gravadas em ambientes fechados, e os episódios que foram gravados na Tailândia foram deslumbrantes de se assistir. Os atores, cada um desempenhou o seu papel de maneira formidável, o destaque vai para o Yoonsu que me deixou sem palavras. Dá pra ver como cada investimento na série se pagou muito bem, o esforço e cuidado refletiram muito na boa qualidade que a série apresenta.
Sobre a história, acho que o primeiro a se falar pois é algo que perpetua ao longo dos oitos episódios é quão maduro a série está. É muito comum o ambiente universitário/colegial nos BL e apesar todos eles terem seus dramas (e são dramas reais) é muito bacana acompanhar algo que foge um pouco dessa atmosfera. O enredo que aqui reflete em coisas que são carregadas desde adolescência e coisas novas que são confrontadas acaba trazendo um peso muito mais simbólico para toda história.
Falando sobre a história em si tem duas palavras que me acompanharam pelos oitos episódios: linda e cruel. Acho que não teve um episódio em que se fechava algum arco que não me deixou reflexivo sobre algo. É muito palpável os sentimentos do Young durante a série, é inevitável não se identificar com algo em algum momento. Mesmo agora quando paro pra pensar sobre os acontecimentos me vem um sentimento de tristeza, as coisas podem ter acabado dando certo mas é de se perguntar a que custo? Acompanhar o Young e sua relação com o amor foi uma montanha russa de sentimentos. Me parece que ele não se sentia merecedor do amor, ou que a ideia de um amor fácil demais era absurda. Quando ele questiona nos primeiros episódios se um dia ele vai encontrar um amor verdadeiro e nos últimos episódios se tem o paralelo dele falando que teve uma vida amorosa horrível é algo que parte o coração. Eu não acho que ele tenha tido uma vida amorosa no total desastre, o que ele teve com o gyu ho foi genuíno (e ele definitivamente sabe disso) mas sinto que até o último minuto ele tenha se agarrado no medo. É um medo que eu sinto que se esgueirava em absolutamente em todos aspectos da vida dele com os relacionamentos, a kylie, a mãe, etc.
Os 4 relacionamentos principais foram excitante de se acompanhar, a maneira que eles se divergiam entre si com um único ponto comum que era o Young, trouxe uma noção de como relacionamentos podem dá errado por n motivos, acho que um outro ponto é acompanhar o modo como o Young vai amadurecendo ao longo desses relacionamentos. Me pegou um pouco como com cada um ele compartilhou momentos lindos, mas a viagem para Tailândia com o gyu ho vai ficar pra sempre grudada no meu cérebro. Um outro relacionamento muito bonito na série é com a Miae, dava para enxergar o companheirismo da amizade dos dois, era um amor muito refrescante sendo retratado (chorei na cena do casamento).
Em relação a kylie, existe algo de muito revolucionário em terem retratado um personagem com HIV, mas principalmente em terem quebrado barreiras ao retratar um personagem que vive sua vida normalmente. existe uma série de estigmas e preconceitos que são reproduzidos inclusive na comunidade lgbtq+, eles terem mostrado que o Young era uma pessoa que convivia com o HIV mas era muito mais além disso foi de extrema importância. Uma das partes que mais me marcaram na novel é assim que ele está planejando a viagem dele para China e quando não dá certo ele fala que a kylie permitiu ele ter muito mais do que ele imaginava, ver isso ganhar cores na tela foi muito triste, principalmente porque explicitava o fator do Young achar que coisas boas não era pra pessoas como ele.
O que mais me marcou na novel foi toda relação do Young com a mãe, e era o que eu estava mais curioso para ver como seria retratado. Existe uma clara relação de manipulação entre os dois, a mãe tenta de forma constante usar a carta do câncer para que o Young se submeta a suas vontades, eles fizeram de forma tão magistral que eu me sentia irritado a todo instante. Fiquei muito feliz que eles não deitaram pro cristianismo e evidenciaram quão opressor pode ser esse ambiente quando se é gay. Ver a cena do Young sendo levado a força para fazer um tratamento me derrubou muito mais que quando li o livro. Eu quero acreditar que no final, a mãe do Young entendeu que o importante era ele estar bem e feliz, acho de forma genuína que ela torcia para que ele pudesse aproveitar a vida, quando ele vai parar no hospital e os amigos vão o visitar, eu tive a impressão que ali ela entendeu que ele era amado e que isso bastava.
Concluindo, me sinto honrado de poder acompanhar uma obra como Love In The Big City ser lançada. Fico muito feliz como todo esforço dos atores (que fizeram um papel incrível) diretores e ao Sang Young que primeiro decidiu compartilhar essa história com a gente foi recompensado com uma obra linda que foi recebida de braços abertos por um grupo muito grande de pessoas. Eu falei em um tweet como que a obra veio para abrir barreiras que se em algum momento da história foram abertas acabaram se fechando e continuo com esse pensamento até o fim. É um pouco assustador como o conservadorismo ainda tem uma força muito grande e como essas forças opressoras operam da mesma maneira em qualquer lugar do mundo mas é reconfortante ver obras como essas sendo lançadas e sendo celebradas mundialmente. Existe contextos diferentes entre Brasil x Coreia mas acredito que essa obra ressoa na vivência de pessoas LGBTQ+ pelo globo todo. Espero que esse seja um início de uma nova era para indústria de boys love e que sirva de exemplo de resistência. Acho que a arte desempenha esse papel muito lindo de unir a pessoas em prol de algo maior e acredito que Love In The Big City já tenha virado uma referência para esse fator.
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